domingo, 20 de abril de 2008

Florbela Espanca

Em vão

Passo triste na vida e triste sou,
Um pobre a quem jamais quiseram bem!
Um caminhante exausto que passou
Que não diz onde vai nem de onde vem.

Ah! Sem piedade, a rir, tanto desdém

A flor da minha boca desdenhou
Solitário convento onde ninguém
A silenciosa cela procurou!

E eu quero bem a tudo, a toda a gente...

Ando a amar assim, perdidamente,
A acalentar o mundo nos meus braços!


E tem passado em vão, a mocidade,

Sem que no meu caminho uma saudade
Abra em flores a sombra dos meus passos!

(Florbela Espanca )

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