Muitos tem em casa a vassoura já pronta para matar uma pequena lagartixa- de- parede (Hemidactylus mabouia), como se a mesma fosse um jacaré tremendamente ofensivo ...No que me diz respeito, essa feiosinha criatura que veio da áfrica fica bem.
Deixo que vivam e circulem livremente esses bichinhos que gostam de subir pelas paredes.Em muitos anos de convivência nunca tive problemas, pelo contrário , acho engraçado vê-las pequenininhas ,depois se tornarem adultas e sempre por ali...até virarem parte da cadeia alimentar de algum outro animal ou morrerem normalmente.
As lagartixas - de - parede não são nossos inimigos naturais (ao contrário, em muitas casas, lagartixas deveriam ser tidas como amigas e serem condecoradas como a “faxineira do ano”) elas também não são vetores de doenças, ou nos mordem (embora haja quem pense que elas transmitem “cobreiro”) nem são animais peçonhentos. Isso não impede, porém, que lagartixas sejam mortas a vassouradas diariamente, em várias casas devido ao pouco esclarecimento( de nós, humanos urbanos principalmente, a respeito de répteis, insetos ,o que falar então do que fazemos aos pobres sapos????) quase ou podendo chamar-se de zoofobia a adoção de posturas ditas de precaução do tipo que leva seres humanos adultos a desferir golpes mortais contra qualquer serpente (quase sempre inofensiva) que apareça pelo caminho,e a jogar sal nos sapos, bicho que nos presta um enorme favor comendo mosquitos e limpando nossos terrenos e quintais .
E terminamos encontrando a mais pura insensatez, quando matamos animais sabidamente inofensivos que estão nos prestando um serviço amigável gratuito, como é o caso das lagartixas-de-parede quando alimentam-se de baratas, moscas,aranhas,mariposas e outros pequenos insetos...
Nesse sentido, não seria exagero concluir que o relacionamento dos brasileiros com a fauna selvagem é muitas vezes um desastre do tamanho da nossa falta de conhecimento.
Não é por acaso que com a cadeia alimentar tão desarticulada , a população de mosquitos e outros seres que sugam nosso sangue (vetores de doenças variadas) proliferem e nós sejamos vítimas de nós mesmos.
(Diana Ramos)