SILÊNCIO E GRATIDÃO

Após ouvir uma música e ler um pouco, desliguei o som e deixei-me invadir pelo silêncio...ao longe,escutava ainda os ruídos de alguns motores na avenida, mas dentro de mim, o silêncio se fez, e foi tão maravilhoso escutar meu corpo...prestar  atenção a forma como minha respiração faz subir e descer a barriga , como o coração tem um ritmo diferente do  que eu me lembrava da última vez que lembrava dele batendo kkkkkk(eu estava apaixonada, e ele batia bem acelerado quando  o percebi)

Estava ainda rindo dessa observação ,quando lembrei que ele e os demais órgãos estavam ali ,executando suas funções, assim como as células, músculos, e tudo que compõe nosso corpo e eu não dava a mínima atenção a nenhum deles, a não ser quando doente e mesmo assim me queixando...quando eles (sufocados pela fumaça dos cigarros  que fumo ou atormentados pelas comidas excessivas ou inadequadas,ou ainda pela química das medicações que sabemos ter os efeitos colaterais) dia após dia, realizavam seu trabalho independente do  meu humor estar rosa ou roxo.

Sabe aquela coisa de voce nunca se tocar para o óbvio? de viver para fora? ou estar maluca mesmo? o fato é que nunca antes tinha  sentido uma gratidão tão profunda a estes componentes do meu corpo...não admiro que a depressão tenha me colhido em suas malhas...algo tinha que sacudir mesmo tanta desatenção comigo mesma.

Acho que precisei exagerar na dose  do abandono de mim mesma, da negação do meu corpo, do meu sentimento...ir no fundo do poço...rastejar por lá, para poder estar aqui, presente, INTEIRA, reconhecendo a sombra, a cor do lôdo , e dizer:    Há luz!

Há luz  no silêncio do reencontro comigo mesma, no amor que tanto procurei fora de mim e acabo de encontrá-lo para oferecer a cada uma das partes do meu ser, que tão generosamente me sustentaram até este momento VIVA.

Diana Ramos